quarta-feira, 24 de março de 2010

Music Dolls - Chapter 01: Dreamcatcher


Cheiro de flores. Inúmeras. Algumas que nem ele mesmo conhecia, e outras já bem familiares ao seu olfato, como as sempre lindas e elegantes rosas, as divertidas margaridas e girassóis, jasmins, camélias e etc.

Escuridão, aos poucos ia abrindo os olhos e se encontrando em um lugar totalmente desconhecido, mas estranhamente confortável para o rapaz. O sua vista era de um ponto baixo, o que logo notou ser por conta de sua queda ou qualquer coisa do gênero. Estava deitado no chão e realmente não sabia como aquilo aconteceu.
Levantou-se e girou lentamente em torno do próprio eixo. Buscava inutilmen
te reconhecer o local, captando cada detalhe das paredes de pedra cuidadosamente esculpidas e do vasto jardim, sabia que o era mesmo que na escuridão desse para ver apenas as plantas mais próximas do corredor coberto onde estava. Iluminação precária, não conseguia nem ver além do pedaço de corredor em que estava, nem para trás nem para frente. Nenhuma porta nesse trecho.
Parara por um momento. O som de seus sapatos... Não são os seus sapatos, o som era diferente, alias, até se sentia mais alto. Olhara para os pés e os via calçados em um sapato novo como só os ricos tinham dinheiro para ter. Reparara também que suas calças eram diferentes, novas, bem engomadas e igualmente luxuosa.
Procurou uma janela, com a escuridão que estava, as poucas velas que estavam no chão de mármore italiano causariam um efeito de espelho aos vidros.
Olhou-se e logo teve uma grande surpresa ao ver como estava. Era um sonho, só podia! Estava tão elegante quanto um nobre! Piscou os olhos algumas vezes, para confirmar o que via no reflexo do espelho, seu sorriso bobo só aumentava a cada vez que se via. Voltou a olhar em volta mais feliz, sua curiosidade aumentava e queria saber o que havia se passado, como tinha chegado ali e quem fora a boa alma que lhe dera ao pelo menos emprestara aquelas roupas tão caras.

Mais passos, cada vez mais próximos. Correu em direção aos mesmo e só teve tempo de ver a barra de um vestido branco bem rendado se arrastar calmamente para dentro de um salão solitário no meio do jardim. Não conseguia ver muito, as luzes do salão ainda estavam sendo acesas, vela por vela, isso somado ao fato da dona do vestido parecia sempre saber como se esconder das grandes janelas que aquela construção extra possuía.


Caminhou em meio a escuridão, lentamente para não tropeçar ou então ferir uma das belas plantas que ali existiam. Ao tocar novamente o chão de mármore já podi
a ouvir o som de um violino. Seu sorriso aos poucos morria com o choro do instrumento. Aproximou-se da entrada e viu uma bela menina a tocar de costas para a grande porta. Seu vestido deixava os ombros e os braços a mostra, a pele alva e delicada o atraiu por uns instantes. Vestido muito delicado, alças completamente de renda que seguravam pelo lado, um espartilho branco com pequenos detalhes em fio de prata e uma saia longa um pouco rodada, tendo como camada mais externa apenas um tecido de renda bem fino. Era como se visse uma boneca de porcelana criando vida e chorando por ser o que era. Balançou a cabeça, da onde tinha tirado aquela comparação? De qualquer forma não conseguia evitar tal pensamento ao observar a violinista tocando.
Cabelos de um ruivo acastanhado, claro e que a faziam única. Presos por uma trança frouxa, varias mexas caiam pelos lados do delicado rosto de menina que ela tinha.

Uma dor no coração. A musica havia parado e a jovem se virado para encarar o intruso e ele nem ao menos reparara. Seus olhos se cruzaram. As esmeraldas frias e tristes dela com os aconchegantes olhos castanhos do rapaz. Uma lagrima escorreu pelo rosto
dos dois e eles não percebiam.
-Erin....- Uma voz doce... ... seguida de um trovão e um tranco que a carruagem deu. Acordou assustado e olhou em volta. Tinha razão, era tudo um sonho! Irritou-se ao ver que ainda estava com as vestes simples de um musico iniciante e seu irmão mais velho a dormir na sua frente, ainda dentro de uma pequena carruagem. A noite ia alta, a chuva continuava a castigar e pelo jeito iria demorar ainda mais para os dois chegarem ao local de destino.
Fitou o irmão dormindo na cadeira da frente. Impressionante como aquele ser conseguia dormir em qualquer canto e de qualquer forma! Um rapaz que lembrava o musico, só que mais alto e de um corpo mais bem farto e menos definido.
Roncava. Como conseguiu dormir de chegar a sonhar com alguém roncando desse jeito?
Puxou ar até encher plenamente os pulmões e tocou o tampo de sua maleta. Sua paixão estava ali dentro.

Poderiam ser consideradas aquelas caricias quase indecentes pela forma com que ele ficava ao faze-lo se não fosse o fato de que o jovem moreno acariciava uma humilde caixa de madeira, mas seu amor pelo instrumente que ficava guardado dentro era tamanho, que muitos poderiam pensar que ele preferia continuar aquele ritual que o hipnotizava a fazer o mesmo com uma bela jovem! Aquelas caricias o acalmavam quanto ao fato de ter acordado tão cedo do sonho. Aos poucos, animava-se novamente. Chuva e uma nova oportunidade, não podia ficar tão mal apenas por conta de um sonho – mesmo que esse fosse extremamente real.

A ansiedade voltou. Seu amor pela musica e talento conseguiram arrumar uma passagem de ida para Londres!

Perto da realeza, no coração da Inglaterra! Bem... Talvez não tão no coração. Na verdade sua carruagem ia para uma cidadezinha bem próxima. Pequena em população, gigante em riqueza! Um lugar tão pequeno conseguira juntar muitos nobres, era mais um Resort do rei.

Mesmo muitos nobres, ainda existia pessoas miseráveis, assim como sua família. Condução luxuosa, mas com um destino não tão luxuoso assim. Por motivo de medo, preferia passar os primeiro dias na casa dos parentes – não eram bem parentes, eram os “contatos” de seu irmão mais velho, que acabaram por conseguir esse trabalho para ele. –, ir direto morar com o Duque de Berni parecia uma idéia que o incomodava. Era educado mas mesmo assim tinha medo de cometer muitas falhas... Preferia ir se acostumando aos poucos.


Musica da chuva que aos poucos suavisava-se de trovões... Chacoalhar da carruagem que ia lentamente para não ter problemas com a lama do caminho acabava se tornando quase um embalar da natureza para que o cansado rapaz voltasse a dormir.
Ao perceber o que aquele espetáculo que estranhamente adorava estava pretendendo, sorriu de canto, talvez conseguisse retomar o sonho de onde parou e assim, saber quem era a tão encantadora violinista.
Os topázios marrom-claro que o rapaz tinha como olhos são lentamente escondidos por suas pálpebras. Coincidentemente quando o veiculo passa por um buraco um movimento do rapaz é feito e acaba se tornando um tanto bruto demais para um corpo tão esguio e aparentemente delicado. Tinha intenção de se acomodar no lugar, que era tão pequeno que ele precisaria dar uma de contorcionista para conseguir dormir sem ter que abandonar seu amado violino.

Para época, ele já era considerado um homem com seus recém completos 18 anos. Era para ter maturidade mas continuava a agir como um menino, ansioso para voltar a dormir e reencontrar alguém que só existia em seus sonhos.

De olhos abertos observou a chuva por mais um tempo, imaginando que se não passassem por mais nenhum buraco fundo, ela o fizesse dormir.


Ao longe, uma mansão, quase um castelo era iluminado por um raio. Piscou os olhos varias vezes ao ver que além da grande casa principal existia também uma construção menor, que deveria ser apenas um salão. Era muito parecido com o seu sonho. Pode sentir o cheiro das flores se misturarem com o da terra molhada e aquela musica de violino. Tinha que descobrir o nome daquela musica, tinha que descobrir de quem era aquela morada!
Estava tão animado com as novas perguntas, que nem percebeu que seus olhos já fecharam e que tudo que via agora era meramente uma cena que suas pupilas gravaram.

Adormeceu.


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~~Aviso~~

Music Dolls é uma historia minha, criada 100% da minha cabeça fraca. Por favor, se tem algum amor pelas coisas que cria, NÃO COPIE os meus textos! São importantes para mim, são parte de mim, então não o faça!

A todos os que leram, obrigada. Em breve tentarei dar continuidade a historia.

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