quarta-feira, 24 de março de 2010

The Castle X - 1

Mais uma vez chuva, esta era um pouco diferente. Fina e constante, parecia mais uma garoinha do que as chuvas que caíram tempos atrás.

O tédio me levou até o lado de fora, a minha criança louca estava aqui mas tinha trabalho a fazer e eu não queria atrapalha-la. Quando ela terminar, eu volto e poderemos aproveitar o tempo juntas sem ter nada a nos preocupar!

Caminhando pela muralha do castelo percebo o antigo grupo que eu julgava unido se esfarelando. A intrusa estava em um canto, uma outra criança em outro e vários grupinhos pequenos separados.

Respiro fundo, sabia muito bem o que eu podia fazer e isso não significava muito que eu quisesse. Depois de tudo que já passei com a intrusa, não me sentia muito bem indo conversar com ela.

Entro no castelo, escolho uma máscara de meio rosto branca, sem absolutamente nenhum detalhe e pego um guarda-chuva grande e preto. Saio pelo portão dos fundos – ainda penso em cuidados, não quero que descubram como entrar – e caminho lentamente em direção a garota.

Estendo o guarda chuva para protege-la, ela estava encharcada e aparentemente cansada demais até mesmo para procurar um abrigo.

Tento saber o que é, não é exatamente preocupação – mesmo que aos olhos dela e dos demais possa parecer isso – é mais...Curiosidade. A distancia se formou, o laço que pretendia criar foi desfeito e sinceramente não sinto nenhum arrependimento ou desespero em tentar novamente.

A escuto, depois de alguma insistência, e descubro que o que ela passa é o que eu passei. Sorrio de canto. Irônico, não? O mundo muda, da voltas, existem trilhões de situações que podem acontecer...Mas sempre acontecem as mesmas quase que seguidamente. Suspiro e ajeito minha máscara. Não estava muito afim de sujar meu vestido me sentando no chão então apenas fico em pé ao lado dela, protegendo as duas com o guarda chuva.

Provavelmente o gato me chamaria de tola, ou pensaria que estou cedendo...Aquela pequena luzinha branca está forte mas quieta em seu canto, acho que ainda comemorando a conquista pessoal que teve depois de mil anos de espera.

Conversamos, conto sobre uma historia que estou escrevendo...Carência é um problema tão comum e tão simples de ser tratado. O tempo passou e ela disse que precisava ir, a casa dela é mais longe que a minha e deixo que leve meu guarda-chuva. Sou uma planta, preciso de chuva!

Caminhando de volta para o meu castelo, começo a perceber que não importa se voltarei a vê-la ou não. Hoje terminamos tudo. Minha máscara estava ali apenas por defesa, mas de fato não menti e nem tive muito o que atuar.

Acredito que estamos bem agora. Não importa se esse foi o ponto final definitivo ou se foi o ponto final e amanha começaremos um novo capitulo. Acabou e sinto-me mais leve.

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