quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sextas - Cap I

Não tenho um nome pra essa história XD Só que simplesmente ela se enfiou na minha cabeça e não me deixa dormir de tanta ansiosidade! Aos que ja falei no msn, O nome foi alterado por motivos obvios HOHO Mas é a msm pessoa q vcs já sabem XD
Aceito sujestão de nomes pra historia. Ela será curta (I Hope).
E sem mais enrolaçoes XD Lá vai a merda
Por favor, sem xingamentos!.



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Mais uma sexta feira

E mais uma sexta em que acordo bem humorado.

Não sei direito quando eu passei a gostar desta data, mas simplesmente adoro as sextas.

Acordo cedo, tomo meu banho, me barbeio (caso já tenha o suficiente para isso) passo desodorante, loção e perfume, um pouco de creme no cabelo e simplesmente o penteio para trás. Meu armário não tem grandes variedades de roupa, mas sempre busco minha melhor. Afinal, é sexta!

Saio do meu apartamento, cumprimento meus visinhos. Hoje é o dia que nem aquela criança asquerosa dos vizinhos é capaz de me tirar o sorriso. Nem o meu carro velho e problemático me incomoda. A não ser, é claro, que ele me atrase para o trabalho.

Meu escritório fica próximo ao centro, ao lado de um colégio da elite. É bom para mim, que trata de adolescentes revoltados, seus pais me pagam muito bem todos os meses achando que sou capaz de concertar seus grandes defeitos. Tão ingênuos.

- Bom Dia, Miranda. – Digo a minha secretaria, que estranhamente cochichava com a secretaria de um escritório visinho ao nosso. Ela me sorriu como se estivesse se divertindo muito com uma piada. – Posso saber o que as belas senhoritas estão tramando?

-Bom Dia, Dr. Corbie...Não estamos tramando nada, apenas comentando a sua rotina de sexta feira. – Bingo, sabia que eu estava no meio.

-E posso saber o que tem de tão interessante em minha rotina de sexta? – Indaguei com um sorriso gentil e altamente perigoso. Miranda não deve ter entendido o recado, ou eu estava de tão bom humor hoje que ela simplesmente arriscou e seguiu.

-Nada de mais, apenas que você sempre faz a barba as sextas, você sempre veste sua melhor roupa as sextas, e também sempre passa seu perfume favorito. Tudo, apenas as sextas. Estávamos pensando que talvez, bom, alguma senhorita o estivesse fazendo-o feliz. – Estivesse dando pra mim, ela quis dizer. Conhecia-a bem, desde que abri meu escritório eu sei o perfil de pensamentos que essa mulherzinha de cabelos oxigenados tem. Mas isso não importava. Era sexta feira.

-Não posso apenas estar feliz de ser o ultimo dia da semana e que nos próximos dois dias estarei livre dessas adoráveis criaturas que passam por aquela porta e seus pais? – Ela deu ombros e apenas sorriu em resposta. A sua amiga do escritório ao lado notou meu olhar e saiu de fininho. – De qualquer forma, Dr., os professoras da universidade estão a sua espera. Deixei-os entrar e já servi um café. Gostaria que eu buscasse o seu?

-Fez bem em manda-los, e sim, agradeceria se apanhasse um café para mim também. – Finalizei a conversa e parti. Por alguma razão minha sexta parecia em perigo se eu continuasse aquela maldita conversa com a secretaria.

Bom, a manha em si foi bem simples. Conversas amenas sobre a faculdade e meu ingresso como membro oficial do corpo docente. Eles estavam impressionados com meu trabalho, assim como todos, mas isso simplesmente não era o suficiente para me animar. Sabia que o melhor estava por vir. Sorri, me despedi de todos e fui almoçar.

Observava sentado em minha poltrona a paisagem da rua. Precisamente, o colégio que tinha ali, e os carrões com motorista que vinham buscar os alunos. Sem perceber, mudei um pouco o foco de minha atenção para meu reflexo no vidro e passei a observar-me. Miranda estava certa. Estava mudando meus hábitos tão lentamente que nem me apercebera disso antes, que tudo que faço para melhorar meu visual é sempre as sextas pela manha. E isso estava sendo suficiente?

- Dr. Corbie? – E falando no diabo, lá estava ela na porta, sem ter batido. – Eu bati. – Ela disse, imaginando que levaria uma espetada minha por entrar sem antes avisar. – Miss. Maxwell está aqui.

-Mande-a entrar.

Virei me para a porta, sorrindo sem imaginar que o fazia.

Beatrix Maxwell é a típica adolescente rica encrenqueira que acredita piamente que pode fazer o que quiser para chocar e controlar o mundo. Sempre com roupas provocantes, maquiagem pesada e cabelo pintado de cores anormais. Se não fosse por sua inteligência, seu gênio se igualaria as demais moças de seu colégio. Alias, esse colégio que ficava bem próximo ao meu prédio. Era simplesmente maravilhoso conversar com ela, já que é difícil encontrar alguém com quem conversar e não simplesmente ensinar ou fingir que está interessado naquela chatice de convivência que nosso contrato social nos impõe.

-Vejo que mudou a cor para vermelho dessa vez. – Comentei ao ver a mudança radical de verde para vermelho néon. Sua roupa, por outro lado, era o uniforme de sempre, sua blusa social com o brasão da escola, saia de prega xadrez vermelha e verde e os sapatos de couro sujos. – Qual a personagem agora?

Ela me sorriu e senti minhas bochechas doerem. Parecia que meu sorriso alargava-se com o dela, e depois de tanto tempo já o fazendo, isso incomodava meus músculos faciais desacostumados ao movimento.

-Off with your head. – Resposta simples, objetiva, divertida e literalmente a cara dela. Bia jogou-se na poltrona destinada aos pacientes como sempre o fazia e passou a me encarar com um enorme sorriso.

- Tem um ano já.... Oras! Um ano que finalmente inaugurou seu próprio escritório, em vez de continuar apenas como estagiário da universidade! – Sua explicação completa deve ter vindo depois da minha expressão de perdido.

-Você tem uma boa memória Miss. Maxwell. E...?

-Credo Nathan! Já devo ter dito um milhão de vezes para não me chamar dessa forma, parece um médico! Só falta aquela bobagem toda de “e como se sente hoje?”

Não tive como não rir com a piadinha dela.

-Eu Sou um médico de certa forma, Miss Maxwell. E já estava me esquecendo disso, obrigado por me lembrar. Como se sente hoje? – Certamente teria voado algo em mim caso ela não estivesse de mãos vazias.

- Há há, muito engraçadinho, Dr. Corbie! – Ok, talvez eu entendesse seu ponto de vista sobre ser chamada pelo sobrenome e não pelo nome. Era simplesmente estranho e desconfortável quando ela fazia isso comigo. – Vou muito bem, sinto me maravilhosa depois de expor me na mesa de um carniceiro, como diz meu pai, e marcado minha pele finalmente. – Bia ajeitou sua postura, assumindo o papel de paciente cooperativa e interessada em fazer o tratamento dar certo. E isso certamente tornava as coisas ainda mais desconfortáveis.

-Então, passou a mutilar e marcar o seu corpo também? – Não estava feliz com isso, em contra partida, ela parecia, e muito. Seus lábios pintados de vermelho vivo curvaram-se ainda mais, aumentando o sorriso.

Ela se levantou, foi até o meio de minha sala em silencio. Retirou a blusa do colégio – já estava aberta mesmo, mostrando um corpete preto por baixo, de alças finas e com bojo – e em seguida, virou-se de costas para mim e retirou essa peça também.

Não sei o que deu em mim, minhas faces queimavam e eu sentia meu corpo se revirar por dentro, numa ânsia sem explicação. Tudo porque eu estava vendo suas belas curvas alvas, de costas, mostrando duas marcas negras como as de um violino na cintura. Sua primeira e nova tatuagem. – Por favor, Miss. Maxwell, vista-se. – Pedi, começando a sentir me mal e nem sabia o por quê.

-Oras, não gostou? E nem ao menos um comentário sobre como Freud explicaria isso? – Riu, divertindo-se muito com minha reação. Eu havia me perdido demais com tudo aquilo que ela estava expondo para reparar que ela virara a cabeça para o lado e passara a observar atentamente minhas reações.

-Por favor, Vista-se! – Disse mais uma vez, tentando impor mais firmeza e liderança desta.

Mesmo com cara emburrada, Bia finalmente vestiu suas blusas e voltou a se sentar. Foco! Foco! Me forcei a desviar o olhar de seu corpo e fui atrás de um lenço para limpar meus óculos quadrados.

-Não sabia que era tão careta

-Querer que se preserve e mantenha um nível em meu consultório é ser careta?

-Eu não fiz nada de mais, só queria mostrar minha nova Tattoo...

-E agora acha que vem aqui só para conversar?

-Certamente não venho aqui para me tratar!

E nessa hora ela se silenciou, estudando minha expressão para depois suspirar e rir, num misto estranho de desapontamento e divertimento.

-Sério...Sério mesmo que depois de dois anos você não tenha percebido o rumo das coisas?

-Do que está falando?

-Sobre você sempre se barbear as sextas, sempre vestir sua melhor roupa as sextas, passar perfume...Enfim, se arrumar como se fosse conquistar alguém nesse dia.

-Como pode afirmar isso? – E lá estava novamente essa afirmação. Meu estomago começava a se revirar, e quando eu finalmente passava a perceber que as sextas eram especiais, esta estava prestes a ruir, e nem sabia o por quê. – Você só vem as Sextas, nenhum outro dia.

-Ok, Dr. Corbie – E eu acho que fiz uma careta essa hora – Você é meu psicólogo ainda quando estagiava e eu tinha 12 anos. Naquela época você não se arrumava tanto, eu notei a sua mudança gradativa. Segundo, eu estudo ai na frente, te vejo todos os dias mesmo que não perceba, e sei que também me vigia da sua janela... E não tente negar! – Minha expressão certamente era de irritação por uma acusação dessas, porem deixei que prosseguisse, queria logo saber. – Todos os outros dias você está “normal”. Roupas mais antigas, expressão mais seria, as vezes, com um pequeno indicio de barba. E Miranda me confirmou, você só usa perfume as sextas também. – Agora sim, Miranda iria ouvir, e muito, sobre fofocar no ambiente de trabalho.

-E o que tem de mais em me arrumar melhor as sextas? Sabe muito bem sobre seus colegas que vem se consultar aqui, e o quanto eles são incômodos. Minha expressão se deve a isso, já com você, você é inteligente, o tempo é produtivo. – E o sorriso nos lábios pintados diminuiu, mudando para algo mais depressivo, desapontado. Não durou muito, feliz (ou infelizmente) e ela se levantou.

Já estava com meus óculos no rosto, e certamente não foi o suficiente para ler sua expressão como costumo ter facilidade faze-lo. Ela, basicamente ergueu-se da cadeira, caminhou decididamente até minha poltrona, virando-a a força para me obrigar a encara-la.

E a coisa mais estranha aconteceu.

Ela me agarrou e me beijou apaixonadamente. Uma de suas mãos segurava meu rosto com força enquanto a outra ainda segurava o encosto da cadeira. Devo ter passado um minuto inteiro agindo pela minha inconsciência, pois simplesmente quando “acordei” depois do susto, eu a estava agarrando pela cintura, retribuindo o beijo com tanta fome quanto ela veio para cima de mim. E mesmo acordado, eu não conseguia larga-la.

Foi Bia a primeira a se separar com um sorriso mais divertido e gentil nos lábios, com um acréscimo sutil de “vitória”.

-Disso que eu estou falando, Nathan... – Sua voz era baixa e carinhosa, ainda estava com o rosto muito próximo ao meu, ofegante depois do beijo.

Nunca, Nunca, Nunca quis aquilo. Já cometi meus “erros” com a sociedade, mas todos com quem mereciam. Não atacar uma paciente cooperativa e que eu gostava. NÃO! Não posso usar essa palavra.

Apesar de que, devo admitir que tomei uma atitude tão ruim – ou pior – que a de Beatrix quando a segurei pelos braços com força e a empurrei para o chão.

-Não se atreva a fazer isso novamente. – Não reconhecia minha voz, era mais forte, ameaçadora. Estava fora de mim, sem outra explicação.

Seus olhos claros encontraram com os meus, assustados, estava tão atordoada que nem ao menos reagira com insultos como costumava fazer ao ser maltratada. – Você é minha paciente, e isso é tudo. Agora levante-se e vá se sentar.

Tentei retomar meu tom controlado e indiferente, apesar de ser quase impossível aquela altura. Não obtive resposta. Ela apenas respirou fundo, levantou-se e limpou a roupa. Tinha um pequeno esfolado na perna por conta da queda no carpete. Não me olhou novamente, apenas caminhou a passos diretos para a porta.

-Beatrix Maxwell, volte a....

-Limpe a boca e passe gelo, ela está duplamente vermelha! – Interrompeu-me em tom autoritário, abrindo a porta e batendo-a atrás de si.

Talvez eu devesse ter me levantado e a impedido de partir, só era impossível faze-lo. Ainda estava tentando digerir tudo que acontecera nos últimos dois minutos.

Eu a tratava, sua agressividade excessiva desde que tinha 12 anos, alias, 13, já que no mês seguinte ao inicio do tratamento ela fez aniversario. Ainda estava estagiando, agora já tinha meu próprio escritório e continuava tratando-a, por insistência da mesma já que seu pai pensava em mudar de consultório.

Sempre mantivemos os horários das sextas.

Sempre me arrumo as sextas.

Não deve...Não Pode Ser.

Passei os dedos sobre os lábios. Ainda conseguia sentir o sabor dela, e a textura do batom que ficou em mim. Puxei rapidamente um lenço de papel da gaveta e limpei com repulsa minha boca, deixando-a ainda mais vermelha de pressão.

-Dr. Corbie? – E eu ainda mataria Miranda por nunca bater na porta. – O que...Aconteceu...? – Ela parecia escolher bem as palavras, com medo. – Bia acabou de sair na metade do tempo e...

-Traga-me um copo d´água, com muito gelo. Agora. – Sua demora em atender mereceu uma fuzilada. Daria um jeito nessa secretaria intrometida assim que conseguisse colocar meus pensamentos em ordem. – E desmarque todos os outros pacientes, eu vou para casa!

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