sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas

Algum tempo não venho aqui e derramo deliberadamente meus pensamentos em forma de "contos".
Pois bem, não o tenho feito por não ter nada de "novo" ocorrido nesse período que se passou. Mas creio que agora também não seja nada nova, apenas encontrei algo para postar.
Explicarei rapidamente porque nada de novo.
Toda historia tem um fim. Para uns, pode ser bom, para outros nem tanto. E qualquer fim de uma historia na qual nos apegamos é ruim, dói, não queremos que acabe mas sabemos que se continuasse não daria certo. Pois bem. é isso. Uma historia terminou a algum tempo, e eu inutilmente tentei prolonga-la por mais tempo e acabou sendo um desastre.
Erro meu. Teria sido tudo muito mais lindo, mas eu errei em varios pontos como sempre e acabou desse jeito.

E isso não é novo. Não porque acabou antes e eu não notei. Não porque já aconteceu antes e eu ainda assim não notei dessa vez.

Alias, ouso dizer que eu percebi sim. Por medo eu não entendi muito bem o fim, não queria me afastar deles. Mas já era o fim e eu não vi.

A seguir exponho um dos motivos pelo meu medo e minha retirada. No próximo poste, tentarei expor isso da forma que estou mais acostumada. The Castle.



"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

(Saint-Exupéry ,Antoine de – Le Petit Prince.)

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