terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Eu nunca aprendi a ser uma mulher.


É um tanto deprimente constatar que com quase 20 anos na cara, sabendo se virar sozinha em quase tudo – desde sempre – eu não sei ser uma mulher.

Nunca tive exemplos de mulheres a minha volta constantemente. O que tive foram exemplos de pessoas dignas (independente do sexo), pessoas que mataram todas as dificuldades no peito e continuaram, sem reclamar uma vez sequer do que a vida lhes reservava. E isso eu aprendi a ser.

Mas nunca aprendi a ser mulher.

Estou estacionada numa fase de garota que não é mais criança, não é uma adolescente birrenta mas passa longe de ser uma mulher. Sou divertida, tenho curiosidade de aprender mais, sou paciente – nem sempre, afinal, paciência tem limite – e ate tolero muitas coisas das quais não deveria. Busco sempre melhorar, sou sincera – as vezes curta e grossa demais - mas não saio de uma fase de garota.

Eu me lembro de uma madrugada dessas da vida onde com insônia eu ligo a tv e está passando “Memórias de uma Gueixa”.

Sayuri, você estará pronta no momento em que conseguir fazer um homem parar tudo e qualquer coisa que esteja fazendo apenas com um olhar.”. Parando para pensar, me identifiquei bastante com a personagem, que no começo não sabia nada e era insegura, fez muitas burradas até aprender. Mas ela teve quem a ensinasse, quem fosse seu exemplo. Eu não.

E é a isso que me refiro. Sei ser bem uma pessoa – não estou pronto, nunca ninguém está – mas não sei ser uma mulher.

Não sei atrair com o olhar, não sei aquele andar rebolar, não ser rir. Não sei seduzir e me fazer ser desejada por um estranho – pouco importando minha aparência, mas referendo-se aos meus modos –, mesmo que eu não o queira, e não sei, em definitivo, fazer um homem parar o que esteja fazendo apenas com um olhar.

Sou masoquistamente apaixonada pela verdade, e foi graças a essa paixão que despertei para esta reflexão. “Já tive melhores.”...Fere o orgulho feminino ouvir essa frase, não importando a situação, da mais banal a mais comprometedora. E foi graças a isso que sofri mas agradeço por ter acontecido.

Sou uma pedra sem acabamento, apenas bruscamente moldada, mas ainda falta ser delicadamente lapidada e lixada.

Saltos altos, vestidos decotados e maquiagens arrasadoras até garotinhas que não menstruaram são capazes de saber usar. Mas me refiro a sutil e deliciosa sensação de saber que está pronta e ver um homem tropeçar nos próprios pés tão e simplesmente porque se perdeu no seu olhar mais simples.

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